Política
Governo quer construir nova maioria e acredita que PMDB errou na estratégia
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Paulo Rocha é líder do PT no Senado. Alessandro Dantas/PT no Senado |
Do Estadão Conteúdo
Um dia após o desembarque do PMDB,
o governo resolveu encarar as negociações em torno do processo de impeachment
com outros olhos. Em reunião da bancada governista no Senado, parlamentares
reafirmaram a estratégia de intensificar a aproximação com partidos da base e
abrir definitivamente o balcão de negócios. Otimistas, petistas acreditam que o
PMDB se precipitou e que o governo tem capacidade de conseguir os votos que
precisa para conter o afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Os petistas estão convencidos de que é muito tarde para angariar o apoio
integral de outros partidos, mas acreditam que será possível conquistar partes
de algumas bancadas construindo uma nova base de apoio. "Vamos construir
uma nova maioria, com um pedaço de lá e outro de cá", afirmou o líder do
PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA). O objetivo é intensificar a pressão sobre o
PP, PR e PSD.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) se disse otimista com o progresso das
negociações. "Não vai ter impeachment. Sei de movimentações que estão
acontecendo e as respostas são positivas", disse. Uma estratégia é
trabalhar com as diferenças internas de cada partido e avançar sobre o que está
ao alcance do governo neste momento, como, por exemplo, parlamentares do
Nordeste e Norte, que têm maior tendência de se manterem fiéis à base.
Negociações
O
ex-presidente Lula é o carro-chefe das negociações, mas os senadores também
seriam fundamentais na tarefa de conquistar votos devido ao protagonismo que
exercem em seus diretórios, podendo projetar o apoio ao governo também aos
deputados de seus partidos ou Estados. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), que é o
presidente de seu partido, se tornou a menina dos olhos nas novas negociações.
Nesta terça-feira, o PP confirmou mais uma filiação na Câmara, alcançando o
número de 51 deputados, a terceira maior bancada da Casa.
Em reunião
nesta manhã, o partido optou por não desembarcar imediatamente do governo e
deixar a decisão para depois da conclusão dos trabalhos na comissão especial de
impeachment. Os governistas interpretaram a decisão como "um bom
sinal" para o governo e também uma indicação de que o partido está
disposto a negociar cargos em troca de votos contra o impeachment. Ciro
Nogueira se encontrou com Lula e, segundo interlocutores, manterá o diálogo com
o governo.
Tiro
no pé
Os
governistas também avaliaram que a decisão do PMDB de deixar o governo foi
prejudicial para o próprio partido. "O gesto do PMDB foi precipitado e
facilitou para o governo. Eles erraram", afirmou Lindbergh. O senador
acredita que o protagonismo que o vice-presidente Michel Temer assumiu contra
Dilma criou um mal estar com a opinião pública e pode desestimular os
movimentos de rua.
Na percepção
petista, agora o governo terá mais espaço para trazer outros partidos para a
base e fazer negociações. "O PMDB achava que, rompendo com o governo,
outros partidos iam debandar também. Isso não aconteceu, abriu-se mais espaço
para que outros partidos participem do governo", disse Lindbergh.
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