Política
Lula diz não saber o que acontecerá, mas garante que vai disputar a Presidência
13.4.17
Agência Estado
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu-se nesta quinta-feira, 13, das
acusações feitas em delação pelos ex-executivos do grupo Odebrecht e deixou
claro que, mesmo não sabendo o que vai lhe acontecer, está no páreo para
disputar novamente a presidência da República nas eleições gerais de 2018.
"Não
sei o que vai acontecer comigo, mas estou na disputa e vou provar que este País
pode voltar a ser feliz", disse o petista à Rádio Metrópole de Salvador. A
entrevista foi divulgada nas páginas de Lula nas redes sociais. O ex-presidente
mandou um recado aos adversários: "Podem ficar certos que eu vou brigar
pra voltar, pra fazer muito mais, porque já fiz este País ser quase a quinta
economia do mundo."
Indagado
como recebeu as delações da Odebrecht, cujos vídeos e transcrições foram
liberados a público nesta quarta-feira, 12, após o levantamento do sigilo pelo
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, Lula disse que há dois
anos não consegue passar um dia sem ver "uma denúncia, uma leviandade, uma
mentira" envolvendo o seu nome. Mas disse estar tranquilo com a situação e
que terá a oportunidade, no dia 3 de maio, no depoimento que prestará ao juiz
responsável pela Operação Lava Jato, Sérgio Moro, para esclarecer todos os
fatos.
O
petista classificou de "absurdas" e "inverossímeis" as
acusações feitas pelos delatores da Odebrecht, dizendo que tudo precisa ser
provado. "Eu desafio qualquer empresário a dizer que Lula pediu R$ 10. Não
posso perder a cabeça com uma coisa dessas estou tranquilo, vou me preparar
para o meu depoimento no dia 3." E frisou que mais grave do que uma eventual
prisão sua foi "o golpe" que levou ao poder "alguém (Michel
Temer)" que vem desmontando conquistas históricas da classe trabalhadora.
"Eu
acho que o que está por detrás de tudo isso é tentar encontrar uma pulga para
evitar que Lula seja candidato em 2018. É isso que está em jogo." E disse
que, ao contrário do que pensam seus adversários - que isso poderá lhe
desanimar -, cada acusação que recebe mexe mais com sua honra e brio e lhe dá
muito mais disposição de brigar. "Pode me bater. Quem nasceu em Garanhuns,
como eu nasci, e não morreu de fome não tem medo de nenhuma adversidade.
Enfrentarei cada uma delas de cabeça erguida. E meu maior legado é a minha
honra, isso ninguém me tira."
Frei Chico
Na
entrevista, Lula rebateu as informações do ex-diretor da Odebrecht Alexandrino
Alencar, que em delação afirmou que o seu irmão, Frei Chico, recebia uma mesada
por mês da empreiteira, a pedido do petista. "Eu nunca dei um real para
meu irmão Frei Chico. Ele é mais velho do que eu, ele que me colocou na
política. E agora inventam que a Odebrecht dava R$ 5 mil pra ele por mês? Ora,
isso é problema deles. Acusam uma reforma em um sítio que não é meu... O mesmo
com o apartamento do Guarujá, que não é meu. Mas a Globo passou três anos
dizendo que era meu. Como que agora vai mudar?"
Para
o ex-presidente da República, apesar de todo este cenário em que a classe
política está no foco das delações dos ex-executivos da Odebrecht, não há
caminho fora da política. "Fora da política é o fascismo. É preciso
melhorar a classe política. Em 2018 isso pode mudar, mas não pode eleger um
Congresso como esse."
Na
entrevista, Lula admitiu que a ex-presidente Dilma Rousseff cometeu erros em
sua gestão, mas destacou que ela própria os admitiu. E disse que nas gestões
petistas, se governava para os mais necessitados, sem o ódio que permeia a
sociedade de hoje. "O País precisa voltar a encontrar seu caminho, sem
ficar brigando, um chutando o outro."
Críticas
Sem
citar o nome de Moro, Lula disse que não está correto paralisar o País por
conta de uma investigação. "Estamos sendo governados lá de Curitiba, não
tem sentido isso." Ele diz que é favorável que se investigue tudo, mas não
concorda com os vazamentos "feitos de dentro" da sala do juiz,
referindo-se ao depoimento de Marcelo Odebrecht, tampouco com o fato de ser o
principal alvo das investigações.
"Não
dá para um procurador passar uma 1h30 dando uma entrevista coletiva acusando o
PT de organização criminosa sem nenhuma prova. Mas vou enfrentar tudo isso. Na
hora que julgarem algum crime meu, quero ser julgado. E se não encontrarem, que
peçam desculpas." E emendou: "Não podemos ficar subordinados a uma
ditadura de um pequeno grupo do Poder Judiciário. Não é possível."
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