BRICS: Bolsonaro diz que seu governo tem os ‘olhos no mundo’, mas o Brasil vem em 1º lugar

ELIANE OLIVEIRA E JUSSARA SOARES

Em um momento em que China e Rússia criticam o protecionismo e o unilateralismo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, em reunião com os demais líderes do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que sua política externa está voltada, em primeiro lugar, para os interesses da sociedade brasileira. Em sessão plenária que aprovou a declaração conjunta dos chefes de Estado reunidos desde a quarta-feira em Brasília, Bolsonaro transmitiu a presidência do bloco ao russo Vladimir Putin e, junto com os demais participantes, aprovou uma declaração de 73 artigos.

—  A politica externa do meu governo tem os olhos postos no mundo, mas em primeiro lugar, no Brasil, para estar em sintonia com as necessidades da nossa sociedade —  afirmou.

Bolsonaro destacou os quatro principais pontos do documento aprovados na reunião de cúpula: reforma do sistema multilateral, o fortalecimento da arquitetura financeira mundial, o futuro da cooperação intra-Brics e a resolução de situações e crises regionais por meio da diplomacia. Ele não citou questões relativas à América do Sul, como Bolívia e Venezuela.

Ele citou como exemplos de interesses voltados à ampliação do bem-estar dos brasileiros avanços em tecnologia e melhora no sistema de saúde. Também fez um balanço da atuação do Brasil na presidência do Brics este ano e disse que o país priorizou resultados concretos em favor dos povos do bloco.

—  No comércio internacional, adotamos uma perspectiva realista e pragmática que auxiliará cada um de nós a aprender com as melhores práticas. Também houve avanços no combate ao terrorismo e na luta contra a corrupção —  disse Bolsonaro.

Vladimir Putin voltou a condenar o protecionismo no mundo, mas focou grande parte de seu discurso em segurança e no combate ao terrorismo e na lavagem de dinheiro. Propôs que os cinco países fizessem uma declaração conjunta condenando qualquer tentativa de glorificar o nazismo e seus aliados.

Xi Jinping, presidente da China, disse que a transformação digital tem criado oportunidades para os países alcançarem o desenvolvimento, pulando etapas e melhorando a governança. Porém, o aumento do protecionismo e do unilateralismo é motivo de preocupação.

—  O unilateralismo e o protecionismo criam um déficit de governança, desenvolvimento e confiança, além de crescentes incertezas e fatores de desestabilização da economia mundial. Os principais mercados emergentes precisam entender o espírito dos tempos e atender ao clamor de nossos povos com responsabilidade —  afirmou o presidente chinês, em referência indireta ao governo do americano Donald Trump, que trava com a China uma guerra comercial e tecnológica, além de impor sanções unilaterais a países como Irã e Venezuela.

Banco de desenvolvimento

O presidente Jair Bolsonaro criticou o fato de o Brasil ser o país que menos recebeu investimento do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), fundado em 2014 para financiar projetos de infraestrutura sustentável nos cincos países que compõe o grupo.

—   Os números mostram que é preciso trabalharmos juntos para superar o desequilíbrio em desfavor do Brasil na carteira de financiamento do NDB —   disse o presidente em discurso no encerramento de uma reunião entre líderes do Conselho Empresarial do Brics (Cebrics) e do NDB, nesta quinta-feira, no Palácio do Itamaraty.

Em três anos de atuação do NDB, entre 2016 e 2018, o Brasil recebeu US$ 621 milhões em financiamentos, o que corresponde a apenas 8% do total de empréstimos concedidos pelo banco.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que no período o NDB aprovou  30 projetos no valor total de US$ 8,1 bilhões. A China lidera com US$ 2,8 bilhões em financiamentos, o equivalente a 34% do total. Em seguida vem Índia com US$ 2,5 bilhões (32%), Rússia com US$ 1,5 bilhão (18%) e  África do Sul  com US$ 680 milhões) (8%) e Brasil  com US$ 621 milhões (8%).

Durante seu discurso, Bolsonaro disse que durante a presidência do Brasil no Brics priorizou estimular o diálogo entre empresários e o banco de financiamento. Segundo ele, essa prioridade reflete “o objetivo do governo brasileiro de recuperar a economia nacional por meio de desestatização, do investimento privado e de uma ampla agenda de reformas em favor do desequilíbrio fiscal e da melhora do ambiente de negócios.”

—   Asseguro aos integrantes do Cebris, em particular aos empresários brasileiros, que seguirei empenhado em reerguer nossa economia levando adiante reformas de que o Brasil precisa —   disse. #Política

O GLOBO

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