ESTUDO: Novo coronavírus sobrevive até 72 horas em algumas superfícies

A labourer sprays disinfectant in Jordan’s archaeological city of Petra south of the capital Amman on March 17, 2020, to prevent the spread of COVID-19. (Photo by Khalil MAZRAAWI / AFP)

O novo coronavírus pode sobreviver até 72 horas em algumas superfícies. É o que diz artigo publicado na revista The New England Journal of Medicine. No Brasil, a procura por álcool, seja líquido ou em gel, fez com que os estoques de farmácias e drogarias acabassem rápido. Quando encontrado, o item de proteção é vendido por preços acima do convencional. O temor do contágio tem levado pessoas sem sintomas a utilizar máscaras, mesmo quando a recomendação oficial é apenas para os grupos de risco — idosos, diabéticos e hipertensos. Mas por quanto tempo o coronavírus sobrevive nas superfícies?

O estudo detalha que o vírus permaneceu vivo suspenso no ar durante toda a experiência, que durou 3 horas. Mas o período de sobrevida pode ser maior. Os testes foram feitos em aerossóis e diversas superfícies. Todas as medições experimentais são médias obtidas após três repetições de cada experimento. “O Sars-CoV-2 foi mais estável em plástico e aço inoxidável do que em cobre e papelão, e vírus viáveis foram detectados até 72 horas após a aplicação nessas superfícies. […] O vírus pode permanecer viável e infeccioso em aerossóis por horas e em superfícies por dias”, diz o artigo.

Segundo o protocolo de controle de infecção do Hospital de Clínicas Universidade do Triângulo Mineiro, a transmissão por aerossóis acontece através de partículas eliminadas durante a respiração, fala, tosse ou espirro. Quando ressecadas, ficam suspensas no ar, podendo permanecer por horas, e atingir outras áreas, sendo levadas por correntes de ar. Já a transmissão por gotículas ocorre através do contato com o paciente, expelidas pela fala, tosse, espirros e aspiração de secreções.

Ana Helena Germoglio, infectologista do Hospital Brasília, afirma que os resultados do estudo norte-americano foram obtidos em um ambiente hospitalar, que por padrão é esterilizado. “Um vírus numa secreção expelida através de tosse ou espirro pode ficar em algumas superfícies por até nove horas. Mas isso pode ser diminuído quando a gente higieniza o local”, explica ela.

Segundo a médica, na rua, a contaminação pode acontecer a uma distância de até um metro e meio de distância. Ela ressalta, no entanto, que o maior risco está nas superfícies. “A maior contaminação ocorre quando há contato com superfícies contaminadas, como maçaneta, cadeira, mesa, e, depois, contato da mão no rosto, olhos, boca. Quanto mais rugosa a superfície, mais difícil é a higienização”.

Dicas

Em razão da dificuldade para encontrar álcool em gel para limpeza, a infectologista dá dicas para evitar a propagação do vírus em superfícies de forma prática. “Para economizar, é possível fazer uma solução em casa: uma medida de água sanitária para nove medidas de água. Tem o mesmo efeito do álcool na limpeza de superfícies. É importante sair de casa só para o essencial. Distanciamento social nessas próximas semanas será crucial para ver como o Brasil vai se comportar. Segregar as pessoas que estão resfriadas em um ambiente separado, manter as boas condições, realizar atividades físicas em casa e evitar o pânico”, destaca.

O uso de elevadores, que possuem pouca corrente de ar e geralmente são compartilhados, também merece alerta. “Se eu moro num condomínio e preciso utilizar um elevador, é melhor que só as pessoas que moram juntas o utilizem. A gente tem pouco fluxo de ar num elevador, um espirro e todo mundo ali pega uma doença. O ideal é a gente andar no elevador com quem a gente sabe por onde andou, pessoas que moram conosco. Se tiver uma família entrando no elevador, é legal esperar que eles terminem o uso para só depois entrar”, afirma Ana Helena.

A pandemia trouxe consciência de higiene à população. É o que acredita a profissional, que cita o médico húngaro Ignaz Philipp Semmelweis como exemplo. Ele foi um pioneiro dos procedimentos antissépticos. “No século 19, ele era considerado louco. Desde aquela época, ele já falava em higienização. Hoje, é considerado o pai da higienização hospitalar. Depois que passarmos por essa crise, poderemos tirar dela uma lição: a higienização é uma coisa boa e importante”, finaliza. #Cotidiano

CORREIO BRAZILIENSE

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